segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Expedição poética e pesquisa de campo à nascente do Rio Mearim

 

Nosso rio Mearim, riqueza natural que abrilhanta e coroa nossa cidade tornando-a sua Princesa. Essa riqueza natural garante subsistência de milhares de pessoas ribeirinhas, sendo ainda, uma inesgotável fonte de inspiração para poetas e compositores. Diante de tamanha importância deste rio que banha nossa terra natal, decidimos conhecer, pessoalmente, mais a fundo sua história e sua origem, para tanto, realizamos uma expedição, que a batizamos de expedição poética à nascente do Rio Mearim, de início, composta pelos pedreirenses Marcus Krause, que subscreve esta crônica e Joaquim Filho, membros da Academia Pedreirense de Letras, escritores, poetas, razão que justifica o nome da expedição.



A aventura começou às 4 horas da madrugada de sexta-feira, 18/02/22, saímos da Praça do Jardim, às 4:15 em duas motocicletas e seguimos pela MA-122. No caminho, passamos pela cidade de Porção de Pedras, cidade esta que sofreu por uma inundação histórica, dias atrás, ainda foi possível ver os rastros deixados pela força das águas, muitos produtos, móveis e alimentos empilhados nas portas de alguns comércios do centro daquela cidade.

Uma paradinha para o café da manhã na cidade de São Roberto e seguimos viagem, passando por Barra do Corda, Grajaú até chegarmos ao município de Formosa Serra Negra, por volta do meio dia. Após almoço, nos hospedamos na pousada Serra Negra. Em seguida, deixamos as motocicletas no hotel e fomos à prefeitura da cidade  para colher informações de moradores ou servidores daquele município sobre quais os caminhos deveríamos trilhar para chegarmos à nascente do Mearim, por fim retornamos ao hotel para nosso descanso.



Às 7 da manhã do sábado, dia 19/02, quando nos preparávamos para sair do hotel fomos recebidos pelo advogado Raimundo da Silva Costa, escritor, historiador membro da Academia de Letras de Grajaú e morador da região, um homem acolhedor e muito prestativo que se dispôs a nos acompanhar nesta expedição, pronto, mais do que nunca a expedição tornou-se uma expedição poética, agora já éramos 3 expedicionários, membros de academias de letras,  escritores e com algo em comum, todos tem uma grande relação com o Rio Mearim.

No hotel, apreensivo por conhecer a nascente, fiz esta poesia:

Mearim, hei de conhecer tua nascente

 

Tua nascente queremos conhecer,

Ó Mearim!

Certamente ficarei embebecido

Em saber de onde vens

 

Tu banhas nossa Princesa

Vens descendo corredeiras

Trazendo vida por onde passas

Tu és nossa maior riqueza natural

Um rio cujas águas

Jorram por cidades e vilarejos

Que inspira nossos poetas

E dá o sustento às famílias ribeirinhas.

 

Rio Mearim, 

hei de conhecer tua nascente,

Tua origem,

Tua história.

 

De forma benévola “Raimundão”, como é conhecido na região, nos ciceroneou durante toda a nossa expedição à nascente do Mearim. Antes de nossa saída do hotel, presenteei-o com um exemplar de meu livro Memória e História da Educação de Pedreiras. 


foto Joaquim Filho 

Seu Raimundo é um grande conhecedor da história do rio Mearim e durante o percurso que fomos, em seu próprio veículo, nos brindou com riquíssimas informações e dados importantes sobre a região e sobre o rio Mearim.

Pegamos a estrada, via MA-006, rodovia que se encontra em péssimas condições de trêfego, e fomos no sentido das cidades de Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro dos Crentes, pois a nascente do Mearim fica nas extremas dos 3 municípios.

Na saída da zona urbana do município de Formosa da Serra Negra, seu Raimundo nos levou primeiramente ao balneário dos Trajanos, onde, naquele município, tivemos nosso primeiro contato com o Mearim, ali, distante aproximadamente 80 quilômetros da nascente, o rio já é bem volumoso e encontrava-se bem mais “encorpado” em razão do período chuvoso. Ainda na Rodovia, paramos um trecho onde o rio atravessa a estrada, tiramos algumas fotos e continuamos nosso trajeto.  



Após percorrer aproximadamente 67 quilômetros, entre já na fronteira dos municípios de Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro dos Crentes, entramos à direita em uma estrada sem pavimentação, rodamos mais uns 3 quilômetros  e chegamos em uma área privada, uma grande fazenda, ali pedimos informações sobre a nascente do Mearim ao proprietário das terras, este nos informou que lá em sua propriedade o Mearim já começava a passar e que nós havíamos passado por sobre ele quando entramos na fazenda. Ao retornarmos para a pista avistamos então um “filete” de águas que corria continuamente. Paramos o carro e constatamos, ali já era o Rio Mearim em sua fase de “adolescência”, com aproximadamente 1 metro de largura, com águas límpidas e cristalinas.



Retornamos novamente para a rodovia e mais precisamente no quilômetro 32, em outra estrada sem pavimentação, entramos rumo a nascente. Deixamos o carro à beira da estrada e seguimos a pés. Andamos aproximadamente 2 quilômetros, após informações colhidas com moradores,  chegamos na casa do senhor Edmar, que  fica a uma distância de aproximadamente 100 metros da nascente, pedimos a ele que nos acompanhasse até lá e assim o fez, então o grupo passou a ter 4 pessoas.

Estes momentos já se transformaram em um misto de apreensão e emoção por estarmos a poucos metros da nascente do nosso querido Mearim.

Passamos por entre uma cerca de arame farpado, seu Edmar seguia na frente e em dado momento ele começou a apontar para nós aquele pequeno “lago” formado entre uns buritizeiros, era ali, a nascente do rio Mearim. Nesta hora todos ficamos eufóricos diante daquela cena histórica. Fiquei deveras impressionado em ver que aquele pequeno aglomerado de águas se transforma mais frente em um exuberante rio, uma clara manifestação divina, tudo obra das mãos de Deus.   



Após cumprir a missão de conhecer a nascente do rio Mearim retornamos ao hotel, montamos em nossas motocicletas e pegamos a estrada. Nos hospedamos em Barra do Corda onde, no dia seguinte, domingo, fomos ver o Mearim  novamente, mais precisamente no encontro das águas do rio Corda com o Mearim. Percebemos a exuberância do nosso Mearim cujas correntezas são mais fortes do que o rio Corda e que dali em diante desce imponente passando por nossa cidade de Pedreiras até desembocar no oceano.   

Com a sensação do dever cumprido e mais conscientes ainda da necessidade de levantarmos a bandeira da preservação da nossa maior riqueza natural, o nosso Mearim, saímos dali eufóricos e com vontade de compartilhar com todo o mundo da alegria que sentimos em conhecer o local onde nasce o imponente Mearim.

Após conhecer a nascente veio a inspiração para este novo poema: 

Nascente do Mearim

 

Formosa da Serra Negra

És a mãe do nosso Mearim

Trouxe ao mundo essa grande riqueza

Que nos gera uma emoção sem fim

 

Nossa maior riqueza natural

Que sai de Formosa ainda  pequenino

Um filete de águas cristalinas

Cresce bem rapidamente

E se transforma em um rio imponente

 

Em todo o seu percurso

Vai sendo alimentado

Por dezenas de pequenos riachos

Num sincronismo perfeito

Todos se integram ao seu leito

 








Acesso ao Balneário dos Trajanos 

Rio Mearim no Balneário dos Trajanos 


Rio Mearim, Rodovia MA 006 

Ponte sobre o Rio Mearim, no município de Formosa da Serra Negra 

Serras na Fronteira entre Formosa da Serra Negra e Fortaleza dos Nogueiras  




"filete" de águas já formando o Mearim

"filete" de águas já formando o Mearim 

Buritizeiro ao lado da nascente









Nascente do Mearim 


Da esquerda para a direita: Marcus Krause, Edmar, Joaquim Filho e Raimundo  

Encontro dos Rios Mearim e Corda 


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