Nosso rio Mearim, riqueza natural
que abrilhanta e coroa nossa cidade tornando-a sua Princesa. Essa riqueza
natural garante subsistência de milhares de pessoas ribeirinhas, sendo ainda,
uma inesgotável fonte de inspiração para poetas e compositores. Diante de
tamanha importância deste rio que banha nossa terra natal, decidimos conhecer,
pessoalmente, mais a fundo sua história e sua origem, para tanto, realizamos
uma expedição, que a batizamos de expedição poética à nascente do Rio Mearim,
de início, composta pelos pedreirenses Marcus Krause, que subscreve esta
crônica e Joaquim Filho, membros da Academia Pedreirense de Letras, escritores,
poetas, razão que justifica o nome da expedição.
A aventura começou às 4 horas da madrugada de sexta-feira, 18/02/22,
saímos da Praça do Jardim, às 4:15 em duas motocicletas e seguimos pela MA-122.
No caminho, passamos pela cidade de Porção de Pedras, cidade esta que sofreu
por uma inundação histórica, dias atrás, ainda foi possível ver os rastros
deixados pela força das águas, muitos produtos, móveis e alimentos empilhados
nas portas de alguns comércios do centro daquela cidade.
Uma paradinha para o café da manhã na cidade de São Roberto e
seguimos viagem, passando por Barra do Corda, Grajaú até chegarmos ao município
de Formosa Serra Negra, por volta do meio dia. Após almoço, nos hospedamos na
pousada Serra Negra. Em seguida, deixamos as motocicletas no hotel e fomos à
prefeitura da cidade para colher informações
de moradores ou servidores daquele município sobre quais os caminhos deveríamos
trilhar para chegarmos à nascente do Mearim, por fim retornamos ao hotel para
nosso descanso.
Às 7 da manhã do sábado, dia 19/02, quando nos preparávamos
para sair do hotel fomos recebidos pelo advogado Raimundo da Silva Costa, escritor,
historiador membro da Academia de Letras de Grajaú e morador da região, um
homem acolhedor e muito prestativo que se dispôs a nos acompanhar nesta
expedição, pronto, mais do que nunca a expedição tornou-se uma expedição
poética, agora já éramos 3 expedicionários, membros de academias de letras, escritores e com algo em comum, todos tem uma grande
relação com o Rio Mearim.
No hotel, apreensivo por conhecer a nascente, fiz esta poesia:
Mearim, hei de conhecer tua nascente
Tua nascente queremos conhecer,
Ó Mearim!
Certamente ficarei embebecido
Em saber de onde vens
Tu banhas nossa Princesa
Vens descendo corredeiras
Trazendo vida por onde passas
Tu és nossa maior riqueza natural
Um rio cujas águas
Jorram por cidades e vilarejos
Que inspira nossos poetas
E dá o sustento às famílias ribeirinhas.
Rio Mearim,
hei de conhecer tua nascente,
Tua origem,
Tua história.
De forma benévola “Raimundão”, como é conhecido na região, nos ciceroneou durante toda a nossa expedição à nascente do Mearim. Antes de nossa saída do hotel, presenteei-o com um exemplar de meu livro Memória e História da Educação de Pedreiras.
Seu Raimundo é um grande conhecedor da história do rio Mearim
e durante o percurso que fomos, em seu próprio veículo, nos brindou com
riquíssimas informações e dados importantes sobre a região e sobre o rio Mearim.
Pegamos a estrada, via MA-006, rodovia que se encontra em
péssimas condições de trêfego, e fomos no sentido das cidades de Fortaleza dos
Nogueiras e São Pedro dos Crentes, pois a nascente do Mearim fica nas extremas dos
3 municípios.
Na saída da zona urbana do município de Formosa da Serra Negra,
seu Raimundo nos levou primeiramente ao balneário dos Trajanos, onde, naquele município,
tivemos nosso primeiro contato com o Mearim, ali, distante aproximadamente 80
quilômetros da nascente, o rio já é bem volumoso e encontrava-se bem mais “encorpado”
em razão do período chuvoso. Ainda na Rodovia, paramos um trecho onde o rio atravessa
a estrada, tiramos algumas fotos e continuamos nosso trajeto.
Após percorrer aproximadamente 67 quilômetros, entre já na
fronteira dos municípios de Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro dos Crentes, entramos
à direita em uma estrada sem pavimentação, rodamos mais uns 3 quilômetros e chegamos em uma área privada, uma grande fazenda,
ali pedimos informações sobre a nascente do Mearim ao proprietário das terras,
este nos informou que lá em sua propriedade o Mearim já começava a passar e que
nós havíamos passado por sobre ele quando entramos na fazenda. Ao retornarmos
para a pista avistamos então um “filete” de águas que corria continuamente.
Paramos o carro e constatamos, ali já era o Rio Mearim em sua fase de “adolescência”,
com aproximadamente 1 metro de largura, com águas límpidas e cristalinas.
Retornamos novamente para a rodovia e mais precisamente no
quilômetro 32, em outra estrada sem pavimentação, entramos rumo a nascente.
Deixamos o carro à beira da estrada e seguimos a pés. Andamos aproximadamente 2
quilômetros, após informações colhidas com moradores, chegamos na casa do senhor Edmar, que fica a uma distância de aproximadamente 100
metros da nascente, pedimos a ele que nos acompanhasse até lá e assim o fez,
então o grupo passou a ter 4 pessoas.
Estes momentos já se transformaram em um misto de apreensão
e emoção por estarmos a poucos metros da nascente do nosso querido Mearim.
Passamos por entre uma cerca de arame farpado, seu Edmar seguia
na frente e em dado momento ele começou a apontar para nós aquele pequeno
“lago” formado entre uns buritizeiros, era ali, a nascente do rio Mearim. Nesta
hora todos ficamos eufóricos diante daquela cena histórica. Fiquei deveras
impressionado em ver que aquele pequeno aglomerado de águas se transforma mais
frente em um exuberante rio, uma clara manifestação divina, tudo obra das mãos
de Deus.
Após cumprir a missão de conhecer a nascente do rio Mearim retornamos
ao hotel, montamos em nossas motocicletas e pegamos a estrada. Nos hospedamos em
Barra do Corda onde, no dia seguinte, domingo, fomos ver o Mearim novamente, mais precisamente no encontro das
águas do rio Corda com o Mearim. Percebemos a exuberância do nosso Mearim cujas
correntezas são mais fortes do que o rio Corda e que dali em diante desce
imponente passando por nossa cidade de Pedreiras até desembocar no oceano.
Com a sensação do dever cumprido e mais conscientes ainda da
necessidade de levantarmos a bandeira da preservação da nossa maior riqueza
natural, o nosso Mearim, saímos dali eufóricos e com vontade de compartilhar
com todo o mundo da alegria que sentimos em conhecer o local onde nasce o
imponente Mearim.
Após conhecer a nascente veio a inspiração para este novo poema:
Nascente do Mearim
Formosa da Serra Negra
És a mãe do nosso Mearim
Trouxe ao mundo essa grande riqueza
Que nos gera uma emoção sem fim
Nossa maior riqueza natural
Que sai de Formosa ainda
pequenino
Um filete de águas cristalinas
Cresce bem rapidamente
E se transforma em um rio imponente
Em todo o seu percurso
Vai sendo alimentado
Por dezenas de pequenos riachos
Num sincronismo perfeito
Todos se integram ao seu leito
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